Contar história
é uma arte milenar, mas o que muitos não sabem é sua contribuição no
desenvolvimento das crianças. Os estudos de Vygotsky demonstram que a criança
aprende pela interação social. Para ele, o desenvolvimento da criança é produto
de instituições sociais e sistemas educacionais, como a família, escola, igreja
que ajudam a construir o próprio pensamento e descobrir o significado da ação
do outro e da própria ação. Sobre a interação social REGO expõe que:
É por essa razão
que Vygotsky afirma que os processos de funcionamento mental do homem são
favorecidos pela cultura, através da mediação simbólica. A partir de sua
inserção num dado contexto cultural, de sua interação com os membros de seu
grupo e de sua participação em práticas sociais historicamente construídas, a
criança incorpora ativamente as formas de comportamento já consolidada na
experiência humana. (2007, p.55)
No entanto, o
nível de desenvolvimento potencial é definido pelo nível em que a criança
alcança sucesso numa tarefa com a ajuda de outros mais experientes (pai,
professor, colega). "A distância entre aquilo que ela é capaz de fazer de
forma autônoma (nível de desenvolvimento real) e aquilo que ela realiza em
colaboração com outros elementos de seu grupo social (nível de desenvolvimento
potencial) caracteriza" o que Vygotsky denomina de zona de desenvolvimento
proximal. (REGO, 2007, p.73). Por isso, a proposta do termo zona de
desenvolvimento proximal (ZDP) em sua teoria, é aquela em que a escola deve
atuar. É no mesmo espaço que o professor, agente mediador (por meio da
linguagem, material cultural), intervém e auxilia na construção e elaboração de
estratégias pedagógicas no desenvolvimento do aluno.
Ainda assim
podemos ver o sentido atribuído à literatura infantil (estimular o exercício da
mente, despertar a criatividade...). O que importa, entretanto, é ver que o
livro pode ser um objeto para que a criança reflita sua própria condição
pessoal (e a imagem projetada nela pelo adulto) e a sociedade em que vive.
A literatura
infantil pode ser um elemento facilitador para uma instigação de sentidos que
auxilie no desenvolvimento emocional e cognitivo da criança. A ludicidade
presente nessa literatura pode quebrar de imediato alguns obstáculos que
impedem a aprendizagem.
Para crianças
não-alfabetizadas, o professor é o elo ao mundo da fantasia e isso poderá ser
usada como estratégia para motivar as atividades de leitura e interpretação,
pois a literatura infantil contribui em vários aspectos da educação do aluno
como afetividade, compreensão e inteligência. É comum perceber que a literatura
infantil não é um campo de estudo explorado e na maioria das vezes é usada na
escola sem nenhuma relação com o ensino, pois não é reconhecida com estimulador
cognitivo e pedagógico para o desenvolvimento infantil e não é entendido como
atividade da leitura enquanto postura reflexiva.
Quando se conta
uma historia, começa-se abrir espaço para o pensamento mágico. A palavra, com
seu poder de evocar imagens, vai instaurando uma ordem mágico poética, que
resulta do gesto sonoro e do gesto corporal, em balados por uma emissão
emocional, capaz de levar o ouvinte uma suspensão temporal. Não é mais o tempo
cronológico que interessa e, sim, o tempo afetivo. É ele o elo da
comunicação. (SISTO, 2005, p. 28)
Quando o
contador se coloca como veículo do texto e faz uso somente da voz para dar-lhe
vida, o ouvinte tem a possibilidade de, através de suas próprias imagens
mentais, atuar como co-criador, segundo a estética da recepção, preenchendo as
lacunas do texto através de configurações, representações, que lhe são
próprias, implicando-se no texto e, dessa forma, participando do ato de
leitura, pois ouvir contos é uma forma de ler.
Ao lidar com a
literatura infantil em sala de aula, o professor estabelece a relação dialógica
com o aluno, com sua cultura e com sua realidade quando, para além de contar ou
ler a história (informar os alunos sobre ela), cria condições para que eles
lidem com a história a partir de seus pontos de vista, trocando impressões
sobre ela, assumindo posições e personagens, criando novas situações através
das quais eles vão descobrindo a história original.
A
linguagem constante na literatura infantil, auxilia o educador a levar a
criança a reconstruir (construir um novo ponto de vista) das percepções de
objeto, espaço e tempo. As histórias mostram à criança que as pessoas são
diferentes e que cabe a nós fazermos nossa opção de vida. Ensinam a enfrentar
os problemas acreditando na vitória do bem: o obstáculo enfrentado e vencido
nos fortalece para enfrentarmos novos obstáculos. Ajudam a criança a abandonar
sua condição de dependência infantil e a crescer com mais confiança interior.
Sabemos que a história desperta a curiosidade para prender a atenção da
criança. Mas, mais que isso, ela estimula a imaginação e trabalha as emoções
para poder enriquecer a vida.
Fonte:Elma Dourado
Nery e Francisco Cleiton Alves
http://www.artigonal.com/educacao-infantil-artigos/a-literatura-infantil-entre-o-real-e-o-imaginario-5929761.html
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