sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O Ato De Brincar Inserido Na Prática Pedagógica.

Por que o ato de brincar deve estar inserido na prática do professor de Educação Infantil?


Porque o brincar tendo uma compreensão pedagógica é uma estratégia poderosa na formação da personalidade, nos domínios da inteligência e na evolução do pensamento da criança. É no brincar que a criança usa a sua imaginação, e é no criar que se brinca com as imagens, símbolos e signos, fazendo uso do próprio potencial, livre e integralmente.
Em muitas escolas de Educação Infantil o ato de brincar não está sendo feito como deveria. Muitos educadores estão preocupados em repassar os conteúdos programáticos em sala de aula e não permitem que as crianças brinquem de forma espontânea, pois acreditam que a brincadeira e aprendizagem não podem habitar o mesmo espaço.
O ato de brincar faz parte da vivência da criança. Brincar é raciocinar, descobrir, persistir e perseverar; aprender a perder percebendo que haverá novas oportunidades para ganhar; esforçar-se, ter paciência, não desistir facilmente. Brincar é viver criativamente o mundo. Ter prazer em brincar é ter prazer de viver. Brincar com espontaneidade, sem regras rígidas e sem precisar seguir corretamente as instruções dos brinquedos, é explorar o mundo por intermédio dos objetos.
Atualmente, há uma pressão da sociedade para que as crianças aprendam cada vez mais cedo os conteúdos pedagógicos. Com isso o tão divertido ato de brincar não tem encontrado espaço na escola como deveria.
O brincar é considerado como uma linguagem da criança, uma forma de comunicação não consciente por meio da qual ela expõe como sente, percebe e vê o mundo. Assim, é pelo que se chama de “expressão lúdica” que ela mostra como compreende os fatos que ocorrem em sua vida. Esse brincar, que pode se manifestar com atividades que trabalham as formas, o movimento, a arte e a música, é uma das linguagens expressivas não-verbais fundamentais durante a primeira infância, que compreende a faixa etária de zero a seis anos, e, por isso, é tão importante que se permita esse espaço no cotidiano infantil.
“Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia” (RCNEI, 2001:22).
É brincando que a criança constrói um conhecimento sobre si mesma e sobre o mundo. Nas brincadeiras, a mesma desenvolve algumas capacidades importantes, tais como atenção, a imitação, a memória, a imaginação, além da socialização e da capacidade de escolha, sendo um ser ativo de seu desenvolvimento.
“O lúdico é um recurso de inestimável valor pedagógico. [...] o brincar é uma atividade de aprendizagem” (KULISZ, 2006:96-97).
Muitos professores dirigem os momentos lúdicos a fim de alcançarem determinados objetivos. Desse modo, não permitem às crianças explorarem e criarem sua própria maneira de brincar. Assim, as crianças acabam brincando, não pelo prazer e a alegria que o ato lúdico lhes dá, mas para alcançar e cumprir os objetivos e as regras estabelecidas pelo professor.
As atividades lúdicas não estão ligadas simplesmente ao prazer. A imaginação e as regras são características definidoras das brincadeiras. Erra a escola ao subdividir sua ação, dividindo o mundo em lados opostos: de um lado o mundo da brincadeira, do sonho, da fantasia e do outro, o mundo sério, do trabalho e do estudo.
Uma das características fundamentais do ato de brincar é a espontaneidade, porém, esse ato muitas vezes é conduzido pelo professor, com fins didáticos específicos, e esta característica acaba ficando de lado.
Em grande parte das escolas de Educação Infantil, brincadeiras e aprendizagem são consideradas ações que não podem habitar o mesmo espaço e tempo. Ou se brinca, ou se aprende. Na melhor das hipóteses, o professor cria oportunidades para que a brincadeira aconteça, sem atrapalhar as aulas. São os recreios, os momentos livres ou as horas de descanso. Parece existir uma barreira entre o aprender e o brincar, pois o ato lúdico é relegado a segundo plano, dando-lhe o espaço de momento não produtivo, ou como recompensa pela tarefa cumprida. Também fica evidente que muitos professores não participam das brincadeiras juntamente com as crianças, ou seja, eles permitem o momento lúdico, porém não participam e não interagem com elas.
Alguns professores de Educação Infantil estão preocupados com os repasses dos conteúdos pedagógicos e esquecem que o brincar necessita de um espaço em sua prática, pois é evidente que a brincadeira é essencial para o desenvolvimento da criança. Muitos educadores até entendem teoricamente a importância das brincadeiras, porém não realizam essas atividades na prática, devido à cobrança tanto por parte da escola como dos pais, pelo desenvolvimento da área cognitiva da criança.
“[...] muitos professores têm a idéia de que permitindo o brincar livres ás crianças causarão bagunça, desordem e indisciplina em sala de aula” (HORN, 2007:58).
De acordo com Horn (2007:b60), “a proposta pedagógica da escola deve ter como objetivo central do seu trabalho, ensinar e aprender através da ludicidade”.
O brincar não deve estar presente na rotina infantil somente na hora do intervalo escolar, mas precisa ser uma atitude cotidiana no trabalho do professor, que pode organizar sua sala de aula de forma lúdica. Para entender melhor a importância do lúdico em sala de aula, o professor precisa vivenciar o universo infantil e trazer o “brincar” para a vida dele.
O professor por sua vez, precisa inserir o ato de brincar em sua prática pedagógica, vivenciando o universo infantil não apenas na teoria, mas na prática, transformando a sala de aula em um ambiente de alegria e de prazer.
“A criança que é estimulada a brincar com liberdade terá grandes possibilidades de se transformar num adulto criativo” (SANTOS, 2004:114).


fonte: www.pedagogiaaopedaletra.com

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